Flávio Leal TF

O Treinamento leva a perfeição

sexta-feira, 9 de março de 2012

POR UM BRASIL MELHOR

Nesta postagem que irão ler, o atleta Robson Luiz dos Santos convida a todos atletas PNE a refletirem sobre a possibilidade de praticar uma atividade física para melhora de qualidade de vida e chama a atenção dos promotores de evento para importância social desta classe em seus eventos.

Venho aqui contar um pouco da minha história pensando principalmente na qualidade de vida dos deficientes físicos em geral.


Quando eu tinha 22 anos levei um tiro na coluna lombar " bala perdida ". Fiquei paraplégico no primeiro momento, fiz 1 ano de fisioterapia na ABBR, tive uma boa recuperação, fiquei com algumas sequelas e paraparesia de membros inferiores. Consegui voltar a andar com muletas canadenses, mas sofria com as dores neuropáticas. Passei por cirurgia e infiltrações e nada de melhora, ainda sofro com dores neuropáticas, faço tratamento medicamentoso diariamente, mas mesmo assim às vezes tenho crises de dor que são horríveis.

Porque relato isso a vocês? Eu respondo.

Depois de aproximadamente 11 anos decidi procurar uma academia para fazer natação. As pessoas ficaram um pouco preocupadas, pois, não tinham experiência com pessoas com necessidades especiais, mas, todos foram muito atenciosos comigo, principalmente a professora Karla que me iniciou neste processo. O início foi muito difícil, mas com a nossa dedicação evoluímos, passamos a trocar experiência. Evolui de uma forma espantadora em 2 anos de natação, com dor e prazer também. O professor Flávio me convidou para fazer musculação, mais um desafio na minha vida e como nunca tive medo de desafios aceitei. Mais uma vez um outro início com as mesmas dores, mas com grandes evoluções, para vocês terem uma ideia tenho 1.81cm de altura e no início destes processos pesava 50kg e hoje peso 70kg.

Logo em seguida conheci o professor Eduardo que tem muita experiência em natação em águas abertas. Conversando com ele me interessei em participar de uma competição, tive apoio de imediato dele e de todos.

Em dezembro participei de uma das etapas do REI DO MAR com o intuito de completar a prova de 1km, para minha surpresa fiquei em segundo lugar.

Este ano fiz a travessia Camboinhas\Itaipu, completei a prova, fiquei feliz, mas gostaria de mais, gostaria que meus colegas deficientes estivessem lá competindo comigo. Não me importo com a colocação, mas sim em ver mais pessoas com necessidades especiais interagindo com a sociedade, pois, precisamos buscar o nosso espaço, sem preconceito nenhum, pois, sou negro, mas precisamos brigar assim como um dia eles fizeram. Precisamos nos mostrar mais para a sociedade e sem dúvida o esporte é uma grande porta para isto, senti isso na pele, é uma via de mão dupla, as pessoas te olham sem pena com mais respeito e isto é bom para o seu ego e te da força para continuar.

Amigos, coragem, pois, esse é o primeiro sentimento que temos que ter para podermos ter os outros. Vamos lutar para melhorar as condições de nossas vidas na sociedade e peço também aos organizadores de maratonas aquáticas para melhorar o suporte e incentivar os portadores de necessidades especiais a participar desses eventos. Em Camboinhas só tinha eu de deficiente, espero em outras competições ter 10, 100 e quem sabe milhares.

Para terminar quero lhes dizer que as dores não me abandonaram, mas consegui diminuir consideravelmente a quantidade de medicamentos e hoje as mesmas dores têm intensidades menores, o que pra mim é uma grande evolução, pois, como disse antes eram horríveis.

Tenho uma ótima qualidade de vida, trabalho, viajo, vou ao cinema, teatro e continuo praticando minhas atividades físicas que não pretendo abandonar jamais e acima de tudo sou respeitado por todos independente da minha condição física.

Agradeço tudo isso aos meus amigos e familiares que nunca me abandonaram e sempre me apoiaram.

Abraço.





ROBSON LUIZ DOS SANTOS

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